sexta-feira, 4 de junho de 2010

O Mar branco das possibilidades



Olá amiguinhos

Estava eu conversando displicente e serelepemente com um amigo sobre as desventuras dele em ensinar alguém as artes secretas e filosofias milenares do Design. Conversamos sobre qual seria a primeira lição dada a uma pessoa que perdeu a sanidade mental e resolveu se tornar um designer. Em meio a uma série de discussão, concordamos em ensinar uma coisa que todos deveriam saber, mas que poucos sabem.

Então responda rápido: o que é uma folha de papel em branco?

Alguns poderiam responder que é uma afeltrado de fibras unidas tanto fisicamente como quimicamente por ligações de hidrogênio (eu te amo Wikipédia). Outros poderiam falar que são os restos mortais de uma arvore raríssima extraída ilegalmente da Amazônia. Alguns fariam cara de idiota e pediriam para repetir a pergunta. Mas a grande maioria apenas me ignoraria e me mandaria voltar aos confins profundos da minha torpe insignificância.

Contudo, caros colegas designers e não-designers, a minha resposta a essa pergunta é, e por isso, é tomada como verdade absoluta dentro do Universo em que EU sou um Deus onipresente, onisciente, onipotente e egocêntrico: uma folha de papel em branco é um mar de possibilidade.

Você pode fazer tudo que imaginar no papel em branco. Ela não vai te criticar. Ela não vai te repreender. Ela não vai te cobrar. Ela não vai pedir para você mudar a porcaria do layout que já estava feito a três meses faltando 5 dias para entregar. Ela pode até te assustar um pouco, mas é só começar a rabiscar alguma coisa, que o medo passa e então o papel em branco vai se transformando em uma extensão de sua mente. Porém ela é justa, vai dizer se gostou ou não de sua idéia. Vai mostrar onde tá o erro de maneira sutil.

Você pode colocar formas, palavras, desenhos, esquemas, fluxogramas, wireframes, cores, texturas, dobraduras, colagens, tabelas. A folha em branco é sua companheira. A amiga nas horas difíceis, que não vai te dizer o que fazer, mas que vai apoiar a sua decisão.

Uma designer mais inteligente do que eu (e muito mais maluca) me falou uma vez: “tudo que você for fazer, resolva primeiro no papel. Se no papel tiver bom, então começamos a trabalhar”. Cara, isso é lindo. É poético. Chega a ser obsceno o quão poderosamente verdadeiro é essa afirmação.

A partir desse dia, em todo o projeto em que me meto, estou sempre munido de minha folha de papel em branco e de meu lápis HB/Nº2. E eles nunca me deixaram na mão. Eles são a toalha do designer!

Não é à toa, que nos cursos de Design, tem tanta cadeira de desenho. Seja à mão livre ou não. Isso não quer dizer que para ser um designer tem que saber desenhar, eu já falei antes, o papel em branco não te critica. As cadeiras existem para que a suas idéias fiquem mais claras para as outras pessoas, e só.

Veja bem, não estou dizendo que quem tem uma idéia e a leva ao computador primeiro sem antes passar para o papel esteja errado. Em alguns momentos, nem é possível. Mas há ocasiões em que levar a idéia direto para o computador é atestar seu estado de protótipo inacabado e defeituoso de designer.

Alguns podem até dizer que apresentar uma idéia em um papel rabiscado é sinal de amadorismo. Bem, se você for mostrar uma idéia finalizada, então sim, mostrar em um papel rabiscado é coisa de amador. Contudo, se for apenas para mostrar uma idéia inicial, não tem problema nenhum. E se alguém achar ruim é porque o pasto em que ele almoça tava fechado e deixou-o de mal humor.

Vamos lá, faça esse teste. Deixe sempre ao seu alcance um lápis e uma folha em branco, ou um bloquinho de anotações, um caderno, qualquer coisa em que você possa escrever. E quando tiver uma idéia, coloque no papel. Em muitos casos pode não levar a nada, mas em outros pode ser a salvação de seu adorável pescoço. Podem me agradecer depois.

Então, é isso por hoje. Até qualquer dia.

Elton R. Vieira | @EltonRViera

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