Quando eu era pequeno, sonhava ter um tipo de caneta diferente, uma caneta que me permitisse desenhar objetos tridimensionais em pleno ar. Queria desenhar uma pirâmide? Fácil: começaria desenhando um quadrado no papel e depois puxaria a caneta para cima e a pirâmide iria se materializando no ar. Primeiro sua estrutura, como se fosse feita de arame, depois todo o seu conteúdo. sua tinta seria a luz, como as espadas de Star Wars. Os objetos criados por essa caneta, seriam objetos de luz, imateriais e, ao mesmo tempo, fantásticos. O que iria acontecer com essas esculturas de luz? Como elas seriam guardadas? Poderia desenhar com elas no escuro? Essa caneta seria viável comercialmente? Sei lá. Nunca pensei nesses assuntos. Talvez porque não fossem relevantes. Talvez porque estivesse mais preocupado em imaginar o que aconteceria se as formigas que viviam na casa da minha vó consumissem aquele vidro fedorento de Emulsão Scott e realmente "crescessem e ficassem mais fortes".
A Infância realmente era uma época interessante. Confesso que fiquei assustado quando descobri que, debaixo do asfalto existia terra, e que nessa terra existiam minhocas. Foi uma surpresa quando percebi que, ao usar o apontador de lápis no dedo do meu colega saiu sangue e não ficou pontudo. Lembro-me bem de ter ficado de castigo quando ganhei uma caixa de carimbos e ilustrei algumas paredes de casa. Ou quando descobri que o olho esquerdo e o olho direito formavam imagens diferente e esqueci de comer para ficar piscando. Muito tempo mas tarde lembro-me de ter ficado maravilhado quando vi pela primeira vez um "microcomputador" e o que podia fazer aquela maquininha fascinante e entorpecente (aliás, não é sugestivo que se chame de usuáro tanto as pessoas que consomem drogas tanto as que operam computadores?) todas essas coisas facinavam e ainda me facinam. Mas o que mais me impressiona até hooje é o quanto isso passa despercebido pelos outros...
continua...
J. Silas®